Além da escolha e posicionamento de defensivos agrícolas, a tecnologia de aplicação é essencial para o sucesso do controle de pragas, doenças e plantas daninhas em culturas agrícolas. Embora atualmente já se tenha tecnologias que permitam uma melhoria significativa da tecnologia de aplicação de defensivos, a exemplo dos inúmeros adjuvantes disponíveis no mercado, as condições climáticas no momento de aplicação ainda exercem significativa influência sobre a qualidade da aplicação.
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Um dos principais objetivos de uma pulverização de defensivos agrícolas, é atingir o alvo, seja ele qual for, contudo, fatores como a elevada temperatura e baixa umidade relativa do ar podem reduzir a eficácia da aplicação. A principal interferência que a temperatura elevada causa é o aumento do potencial de evaporação das gotas de pulverização. Normalmente a velocidade de evaporação de uma gota de água é duplicada se a temperatura aumenta de 10 °C para 20 °C ou de 20 °C para 30 °C, que seria o limite para realizar a aplicação (Contiero; Biffe; Catapan, 2018).
Tabela 1. Comportamento de gotas de diversos tamanhos, em diferentes condições ambientais.
Conforme destacado por Contiero; Biffe; Catapan (2018) temperaturas acima de 30°C podem induzir estresses em algumas espécies de plantas, dificultando a absorção e translocação de defensivos, assim como temperaturas inferiores a 10°C também podem prejudicar a absorção e a translocação do defensivo, seja pelas características específicas do produto, ou pela mudança no metabolismo das plantas ou, ainda, pela integração desses fatores. Logo, deve-se buscar temperaturas mais amenas para a aplicação de defensivos.
Segundo Azevedo & Freire (2016), a aplicação de defensivos agrícolas deve ocorrer em temperaturas inferiores a 32°C. Embora tanto a umidade relativa do ar quanto a velocidade do vento possam influenciar a qualidade da aplicação de defensivos, como visto na tabela 1, a temperatura é um dos principais fatores responsáveis pela redução do “tempo de vida” da gota, podendo influenciar diretamente a absorção do produto.
Conforme destacado por Taiz et al. (2017), o fechamento estomático, a interrupção da fotossíntese e da expansão celular (crescimento vegetal) são algumas das principais respostas fisiológicas da planta ao estresse por altas temperaturas, corroborando a afirmação de que elevadas temperaturas podem dificultar a absorção e translocação de defensivos, logo, a temperatura no momento de aplicação é tão importante quanto a umidade relativa do ar e velocidade do vento.
Mas qual o melhor horário para realizar a aplicação de defensivos?
Embora essa seja uma das perguntas mais frequentes se tratando da aplicação de defensivos agrícolas, o que devemos levar em consideração não é o horário de aplicação, mas sim as condições climáticas no momento de aplicação. Quer saber quais as condições adequadas para a aplicação de defensivos? Clique aqui!
Referências:
AZEVEDO, F. R.; FREIRE, F. C. O. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. Embrapa, Documentos, n. 102, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/426350/1/Dc102.pdf >, acesso em: 05/08/2021.
CONTIERO, R. L.; BIFFE, D. F.; CATAPAN, V. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO. SciELO Books, 2018. Disponível em: < http://books.scielo.org/id/bv3jx/pdf/brandao-9786586383010-15.pdf >, acesso em: 05/08/2021.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.
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