O trigo é uma das culturas mais importantes no sistema de produção de grãos, especialmente em áreas de plantio direto. Quando inserido na rotação de culturas, o trigo possibilita o controle de pragas e doenças pela quebra do ciclo delas, bem como o controle de plantas daninhas e manejo da resistência delas a herbicidas por possibilitar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas.
A palhada residual do trigo é serve como cobertura residual para o solo, contribuindo também para a manutenção do sistema plantio direto, além de colaborar para a melhoria de atributos do solo. Entretanto, é necessário compreender que o trigo também exerce importância econômica nas propriedades rurais, sendo muitas vezes, a principal fonte de receita durante o período do inverno para muitas propriedades.
Com isso em vista, o manejo da cultura do trigo deve ser assertivo visando garantir a boa produtividade e qualidade dos grãos produzidos. Para garantir o bom crescimento e desenvolvimento das plantas, além do adequado manejo nutricional, é essencial atentar para o estabelecimento da lavoura, ajustando fatores como data de semeadura e densidade populacional.
Esses fatores podem variar em função da localidade e cultivar. Com relação a época de semeadura, o recomendado é seguir as orientações estabelecidas para cada região de cultivo pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que define os períodos de semeadura com menor risco climático para a cultura.
Já se tratando da densidade de semeadura do trigo, as recomendações técnicas também variam em função da cultivar e região. Embora haja recomendações técnicas para cada cultivar com relação e densidade de semeadura, no geral, são estabelecidas recomendação para as principais regiões produtoras, com base nas condições de clima, ambiente, ciclo da cultivar e finalidade do cultivo.
Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a densidade de semeadura indicada é de 250 sementes viáveis m–² para cultivares semitardias e tardias, e de 250 sementes viáveis m-2 a 330 sementes viáveis m-2 para cultivares médias e precoces. Para cultivares tardias, quando semeadas para duplo propósito (pastejo e colheita de grãos ou somente pastejo), a densidade indicada é de 330 a 400 sementes viáveis m-2 (Cunha & Caierão, 2023).
Note que a variação na densidade populacional do trigo varia principalmente em função do ciclo da cultivar, e finalidade do cultivo, tendo como base de cálculo, sementes viáveis. Sendo assim, trabalhar com sementes de boa qualidade fisiológica, sanitária, genética e física é essencial para o bom estabelecimento do trigo.
Para o Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, as densidades variam de 60 a 80 sementes por metro de linha de semeadura, ou de 200 a 400 sementes viáveis m-2, em função do ciclo, porte das cultivares e, algumas vezes, dos tipos de clima e solo. Já para Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso e para o Distrito Federal, Cunha & Caierão (2023), destacam que, para trigo de sequeiro (não irrigado), a densidade de semeadura varia entre 350 a 450 sementes viáveis m-2, enquanto que, para cultivos irrigados, a densidade de semeadura deve variar de 270 a 350 sementes viáveis m-2.
Vale destacar que embora outros espalhamentos de semeadura possam ser utilizados, não é recomendada a semeadura do trigo com espaçamentos superiores a 20 cm entre linhas, sendo que, o mais comum e adotado é 17cm entre linhas.
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Referências:
CUNHA, G. R.; CAIERÃO, E. DENSIDADE, ESPAÇAMENTO E PROFUNDIDADE DE SEMEADURA. Informações Técnicas para Trigo e Triticale: 15° Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2023. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoestecnicastrigotriticalesafra2023-1683736866.pdf >, acesso em: 01/06/2023.